Padres que fazem Missa Sertaneja dormiram na aula de liturgia

Um leitor nos escreveu perguntando sobre as tais “missas sertanejas”. Segundo ele, o padre de sua paróquia afirma que a encíclica Sacrossantum Concilium permite fazer adaptações na liturgia, absorvendo elementos da cultura de cada povo. Sim, é verdade – e isso faz parte do processo de inculturação. Só que missa sertaneja não é inculturação, é abuso litúrgico!
A missa sertaneja virou modinha em várias regiões do Brasil, havendo também as variantes “missa caipira” e "missa do vaqueiro". O sacerdote assume o papel de cowboy ou animador de festa caipira, em vez de fazer a única coisa que é seu dever na missa: ser o rosto visível de Jesus Cristo, Deus invisível.
No período das festas juninas, os abusos se multiplicam. Essas festas são parte importante da vida da Igreja no Brasil, e sempre tiveram o seu lugar: a praça, o pátio da igreja, o salão paroquial. Mas agora estão fazendo festa junina dentro da missa, com fantasias típicas, dança de quadrilha e tudo! Pra que isso, gente!!?? Andaram fumando cigarro de palha estragada?
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Acreditem: essa foto foi tirada durante uma missa!

No site de determinada paróquia, vemos a descrição do objetivo da missa sertaneja: “valorizar o homem do campo, que trabalha para produzir os alimentos que chegam às nossas mesas” e “exaltar a cultura sertaneja”. Note que, em vez de elevar as mentes para as coisas espirituais e divinas, a missa sertaneja exalta as coisas terrenas.
Para quem acha que esse assunto não é importante, que é coisa de fariseu, veja o que diz Bento XVI:
"Estou convencido de que a crise na Igreja, pela qual passamos hoje, é causada em grande parte pela decadência da liturgia (...). Quando, porém, na liturgia não aparece mais a comunhão da fé, a unidade mundial da Igreja, o mistério de Cristo vivo, onde, então, ainda aparece Igreja, em sua essência espiritual? Aí a comunidade ainda celebra somente a si mesma, mas isso não vale a pena.” (livro Lembranças da Minha Vida)
Tome um Engov antes de ler, a seguir, a descrição dos objetos levados ao altar no momento do Ofertório de uma missa sertaneja, publicada no site de certa paróquia:
"Um grupo de jovens trouxeram até o Altar algumas práticas e atitudes que não combinam com a preservação da natureza e da vida. O motosserra, a máquina de veneno e a espingarda simbolizaram os instrumentos e as práticas que necessitam ser combatidas e substituídas por politicas agrícolas que fortaleça a produção orgânica e de base ecológica. A sanfona, o violão, a viola e o carron embalaram os cantos em estilo e ritmo sertanejo."
As invencionices da missa sertaneja não favorecem uma liturgia voltada para Deus, mas sim para o homem. A comunidade celebra a si mesma, exaltando a vida no campo e ou “jeito caipira de ser”. Não foi para isso que Jesus tomou bofetada na cara e derramou Seu Sangue na cruz!
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São João Paulo II ensinou que “A Missa torna presente o sacrifício da cruz” (saiba mais aqui). E, em um discurso aos bispos do Brasil, em 1995, falando sobre a liturgia e a inculturação, o santo advertiu que “deve-se descartar ou não assumir aquelas formas e aqueles modos rituais que não correspondam à natureza do mistério que se celebra, mormente quando relacionados à Encarnação, Paixão e Morte de Jesus Cristo, para não citar outros Mistérios da Redenção”.
Ponham a mão na consciência: será que a Missa é mesmo um momento adequado para discutir práticas agrícolas? O que a pamonha da Vó Rosinha e a sanfona do Seu Sebastião ajudam o povo a refletir sobre os mistérios da Redenção?
E uma moça fantasiada de caipira coar cafézinho no presbitério, no momento que antecede a procissão de entrada do sacerdote? Isso leva o povo a rezar melhor? Não vou postar vídeo aqui, por consideração às gestantes e pessoas com problemas cardíacos.
O QUE ENSINA A SACROSSANCTUM CONCILIUM
Sacrosanctum Concilium diz que nenhum padre tem direito de inventar, de acrescentar NADA na liturgia da Missa. A única autoridade competente para isso é a Santa Sé, por meio da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
O bispo de cada diocese também pode atuar como regulador, mas de forma limitada, ou seja, DENTRO DOS LIMITES ESTABELECIDOS PELA IGREJA.
As alterações mais profundas no rito – e isso inclui, por exemplo, inserção ou subtração de paramentos do sacerdote – devem ser sujeitas à Santa Sé. Como chapéu de boiadeiro não é nem nunca foi paramento sacerdotal, nem foi aprovado por Roma, é óbvio que se trata de um abuso.
CADÊ O BOM SENSO? MORREU?
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Cadê o bom senso? Os particularismos culturais de cada região precisam passar por um filtro, pois muitas vezes distraem o povo das coisas espirituais, não cabendo em um rito sagrado.
Partindo do mesmo espírito que sustenta a existência das missas sertanejas, um padre ou bispo de uma diocese litorânea pode resolver fazer uma “missa surfista” - com direito a altar em forma de prancha de surf, padre usando pé de pato, cocos verdes e barracas de sol enfeitando o presbitério etc.
“Como estão distantes de tudo isto quantos, em nome da inculturação, decaem no sincretismo introduzindo ritos tomados de outras religiões ou particularismos culturais na celebração da Santa Missa!” (Discurso do Papa Bento XVI aos Prelados da CNBB, em visita Ad Limina Apostolorum. 15/04/2010)
Tudo o que foi dito aqui vale para as chamadas “missas afro”, “missas gaúchas”, “missa das crianças” e quaisquer outras liturgias piratas.
Fica a dica do Pe. Orlando Henriques, da Diocese de Coimbra: “Na Missa (e na liturgia em geral) não basta cumprir as rubricas (isso é ritualismo, cumprir só por cumprir não interessa muito), mas há que estar concentrado naquilo que é realmente importante: que Jesus está a tornar-Se realmente presente sobre o altar; e tudo o que nos possa distrair disso não interessa”.
Fonte: Site O Catequista

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